Ninguém me disse que Valladolid era especial.
Quando falei que ia estudar espanhol lá, muita gente nem sabia apontar no mapa. E confesso: eu também não sabia muito bem o que esperar.
As luzes de Natal, as feirinhas na Plaza Mayor, o cheiro de castanha no ar, o silêncio bonito das ruas antigas. Valladolid tem um jeito diferente de te ganhar. Não é cidade de amor à primeira vista — é daquelas que você aprende a gostar aos poucos. E quando se dá conta, já tá pensando em voltar.
Passei duas semanas lá, fazendo intercâmbio de espanhol na Fundación de la Lengua Española, e esse texto é meu jeito de compartilhar o que descobri. Foi uma experiência intensa, mas ao mesmo tempo tranquila — perfeita pra quem quer mergulhar na cultura local sem pressa.
Contents
Um pouco da história de Valladolid
Antes de se tornar esse refúgio tranquilo e cheio de charme, Valladolid teve um papel de destaque na história da Espanha. Já foi capital do país no século XVII, antes mesmo de Madrid assumir esse posto. Foi aqui que os Reis Católicos — Isabel de Castela e Fernando de Aragão — se casaram, dando início a uma das fases mais importantes da unificação espanhola.
Outro capítulo marcante: foi em Valladolid que Cristóvão Colombo passou seus últimos dias de vida. Por isso, a cidade guarda um museu dedicado à sua trajetória final — a Casa-Museu de Cristóvão Colombo, parada obrigatória para quem gosta de história e grandes navegações.
Literatura e cultura em cada esquina
Além do peso histórico, Valladolid também tem um lugar especial no coração da literatura espanhola. Miguel de Cervantes viveu na cidade por um tempo e acredita-se que tenha concluído ali a primeira parte de Dom Quixote. Hoje, além da Casa de Cervantes, é possível encontrar referências literárias espalhadas pelas ruas, praças e edifícios históricos — um verdadeiro convite para caminhar com calma e deixar a imaginação viajar.
A cidade também respira cultura no presente. Com uma das universidades mais antigas da Espanha, Valladolid tem uma forte atmosfera estudantil e criativa. O calendário cultural é intenso, com festivais de teatro, cinema e, principalmente, a Semana Santa — um dos eventos religiosos mais famosos do país, conhecido pelas procissões impressionantes que atraem visitantes de toda parte.
Vinhos e enoturismo em Valladolid
A história de Valladolid também se conta à mesa — ou melhor, na taça. A cidade e sua província são conhecidas por produzir alguns dos vinhos mais renomados da Espanha, especialmente nas regiões de Ribera del Duero, Rueda e Cigales, todas de fácil acesso a partir do centro.
The enoturismo em Valladolid vai muito além das degustações tradicionais. É possível visitar vinícolas centenárias, passear por campos de videiras, participar de experiências guiadas e harmonizar tapas com vinhos tintos intensos ou brancos frescos diretamente na origem. É uma forma deliciosa de conhecer a cultura local de outro ângulo — com aroma, sabor e boa conversa.
Tip: se você tiver um tempinho extra, vale reservar um tour guiado pelas vinícolas da região. Além de aprender mais sobre o processo de produção, é uma oportunidade de vivenciar o estilo de vida castelhano.
Primeiras impressões de Valladolid
Cheguei já era noite. Estava bem frio e as ruas, quase vazias. Fui direto pra residência estudantil onde passaria as próximas duas semanas. Não deu pra ver muita coisa da cidade naquele trajeto da estação até lá.
No dia seguinte, fui no city tour da escola, que só começou depois das 13h — e achei super curioso porque não tinha quase ninguém na rua. A famosa siesta é real mesmo! Lojas fechadas, movimento quase zero… parecia que a cidade tinha parado. Foi nesse momento que percebi que Valladolid tem um ritmo próprio: mais calmo, mais silencioso, mais contemplativo.
À noite, tudo mudou. As luzes de Natal já estavam acesas, super acolhedoras. A Plaza Mayor estava cheia de gente, com uma feirinha de Natal, barraquinhas de artesanato, comidas típicas e um carrossel iluminado no meio da praça. O clima era uma delícia. Tava frio, mas tava bonito, animado e vivo.
Se você quer saber como é viver a cidade de verdade, confira meu relato completo sobre o Spanish language exchange in Valladolid. — com experiências reais, dicas práticas e tudo o que mais me marcou nessa jornada.


O que fazer em Valladolid
Valladolid é uma cidade compacta e cheia de história. Caminhar por ela é como abrir um livro antigo e descobrir detalhes em cada página. Aqui estão os lugares que mais me marcaram e que merecem entrar no seu roteiro:
1.Plaza Mayor
O coração da cidade. Seja de dia, com movimento leve, ou à noite, com as luzes de Natal refletindo no chão de pedra, essa praça é parada obrigatória. É onde tudo começa e termina. Com restaurantes, feirinhas, apresentações culturais e o carrossel de Natal, a Plaza Mayor é vibrante sem ser caótica.
Tip: no inverno, prove o vinho quente ou as castanhas assadas nas barraquinhas — detalhes que tornam a experiência ainda mais charmosa.

2.Igreja de San Pablo
Talvez a fachada mais impressionante da cidade. Cheia de esculturas, detalhes góticos e muita presença. Dá pra ficar minutos só observando o entalhe das pedras.

3.Catedral e Mirante
A Catedral de Valladolid por fora pode não parecer tão impressionante, mas por dentro guarda arcos altos, luz filtrada e um silêncio bonito. Subir na torre é uma experiência à parte. A escada é estreita, mas a vista lá de cima — com os telhados da cidade e a Igreja de Santa María la Antigua ao fundo — é de tirar o fôlego.
Tip: faça essa visita no final da tarde, quando a luz dourada do pôr do sol deixa tudo ainda mais bonito.




4.Casa-Museu de Cristóvão Colombo
Colombo morreu em Valladolid, e o museu conta essa história de forma simples e interessante. Tem uma cópia do testamento, objetos náuticos e mapas da chamada Ruta Colombina.


5.Museu Nacional de Escultura
Um dos lugares mais incríveis da cidade. Além das esculturas, o prédio histórico por si só já vale a visita: o teto entalhado, o claustro interno e os detalhes em cada sala são impressionantes.


6.Casa de Cervantes
Pequena e acolhedora. A antiga casa de Miguel de Cervantes tem móveis, utensílios e jardim preservados. Dá pra sentir o peso da história entre azulejos, livros e paredes silenciosas.
Tip: por ser uma visita mais curta, dá pra encaixar no mesmo dia de outros passeios pelo centro histórico.



Visitamos ainda a Plaza Zorrilla, a Academia de Caballería, diversas igrejas, e claro, a Plaza Mayor. Também passamos pela antiga arena de touradas, hoje convertida em prédio residencial e escolas — um símbolo da cidade que muda com o tempo.
7.Campo Grande
O Campo Grande é o parque mais conhecido da cidade, e virou meu lugar de respiro. Pavões andando soltos, caminhos sombreados, patos e fontes. Perfeito pra caminhar sem pressa.

8.Plaza del Viejo Cojo (Praça da Antiga Arena)
The Plaza del Viejo Coso, antiga praça de touros do século XIX com planta octogonal, foi um dos lugares que mais me encantou em Valladolid — talvez pelo meu olhar de arquiteta e pela forma inteligente como foi requalificada. Onde antes havia arena e arquibancadas, hoje há moradias, varandas de madeira e um pátio tranquilo, quase escondido do turismo tradicional. Um verdadeiro achado no coração da cidade.

9. Museu de Valladolid
Criado em 1879 e instalado no Palacio de Fabio Nelli, o Museo de Valladolid reúne coleções de Arqueologia — do Paleolítico à Idade Média — e Belas Artes, com pinturas dos séculos XV e XVI, móveis do XVII, tapeçarias flamengas, cerâmicas espanholas e peças que contam a história da cidade.

Bate-Voltas imperdíveis
Mesmo com aulas e passeios, deu pra escapar um pouco e conhecer os arredores.
Teve um bate-volta duplo: Pedraza e Segovia. Pedraza, pequena e medieval. Segovia, com seu aqueduto romano e castelo de conto de fadas. 👉 Leia aqui o post sobre Pedraza e Segovia
E ainda rolou um bate-volta pra Salamanca, cidade universitária cheia de vida e história. 👉 Leia aqui o post sobre Salamanca
Outras opções de passeios curtos são Tordesillas e Medina del Campo, cidades próximas com muita história e fácil acesso de trem ou ônibus.
Practical travel tips
How to get there:
A melhor forma de chegar é via Madrid. O trem Renfe de alta velocidade leva cerca de 1h. Também dá pra ir de ônibus, mas a viagem é mais longa.
Tip: se estiver viajando em grupo, alugar um carro pode ser uma ótima forma de explorar os arredores no seu ritmo. Quer saber como funciona? Leia também o post "Aluguel de carro na Europa, tudo o que você precisa saber"
Como se locomover
A cidade é ótima pra caminhar. Os ônibus locais funcionam bem pra distâncias maiores.
Important: aplicativos de transporte não são tão populares como em grandes cidades, então planeje seus deslocamentos com antecedência.
Onde se hospedar
- Hotel Boutique Gareus – Nota 9,6/10, muito bem avaliado, com estilo sofisticado e localização estratégica entre a universidade e o centro.
- Nexus Valladolid Suites & Hotel – Nota 9,4/10, com suítes espaçosas e elegantes, excelente opção para casais.
- Hotel El Coloquio – Nota 9,4/10, charmoso, aconchegante e perfeito para quem quer vivenciar o centro histórico de perto.
- Hotel Colón Plaza — Nota 9,4/10, moderno e confortável, próximo à Plaza Mayor e à estação Campo Grande.
- Hotel Valladolid Recoletos — Nota 8,5/10, moderno e confortável, ótima opção para famílias ou viagens de lazer.
Todos esses hotéis têm localização central, excelentes avaliações e fácil acesso a pé às principais atrações turísticas de Valladolid. As regiões da Plaza Mayor, Universidad e Campo Grande são consideradas as melhores áreas para se hospedar — tanto pela proximidade com pontos históricos e culturais quanto pela praticidade para explorar a cidade caminhando.
Se você prefere a segurança e o padrão de grandes marcas, aqui vão 5 excelentes opções de redes hoteleiras bem avaliadas em Valladolid, todas com nota acima de 8:
- NH Hotels – nota média 8,8/10.
- Vincci Frontaura – nota média 8,7/10.
- Silken Hotels – nota média 8,6/10.
- Ibis – nota 8,2/10 .
- Marriott International – nota 8,6/10.
- Sercotel – nota 8,4/10.
O que comer
Não tem como não falar de tapas. Uma das melhores experiências gastronômicas foi o huevos rotos: batatas fritas, ovo estrelado e jamón. Vinho branco pra acompanhar. Tudo isso em bares simples e cheios de vida. Outro prato típico da região é o lechazo, um cordeiro assado lentamente — vale experimentar pelo menos uma vez.

Comer fora é acessível e faz parte da experiência.
Explore áreas de tapas além da Plaza Mayor, como:
- Calle Paraíso
- Plaza de la Universidad
- Plaza de San Miguel
- Paseo de Zorrilla
Curiosidade: muitos bares servem uma tapa gratuita junto com a bebida — tradição local que deixa qualquer viagem mais gostosa.
Opções de tours gratuitos
Informações adicionais
Clima
- Inverno: frio seco, ideal pra clima natalino
- Primavera/outono: temperaturas agradáveis, ótimo pra caminhar
- Verão: quente e seco, cidade mais vazia
Tip: se puder, vá no Natal ou na primavera — a cidade fica especialmente encantadora.
Segurança
Cidade tranquila. Caminhei sozinha à noite e me senti segura. Claro, vale manter atenção com itens pessoais, como em qualquer lugar. Por ser uma cidade universitária, há sempre movimento, principalmente nas áreas centrais.
Cultura e etiqueta
- Siesta é real: comércios fecham entre 14h e 17h
- Fale baixo em ambientes fechados
- Gente direta, mas cordial
- Gorjeta é opcional
- E sim, os locais adoram quando você tenta falar espanhol — mesmo com sotaque!
Mapa das atrações
Valladolid não é um destino de “impacto imediato” — e talvez seja isso que a torna tão especial. É uma cidade para viver devagar, sentir a rotina local, saborear bons vinhos e descobrir joias escondidas. Seja para uma escapada curta ou um roteiro mais longo pela Espanha, é um destino que surpreende com autenticidade e história.
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Planejar uma viagem do zero pode ser bem trabalhoso.
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